5 de outubro de 2011

Resgatada do inferno


 
O Espírito Santo tem me cobrado para falar sobre a transformação que Ele fez em minha vida, a fim de alcançar as pessoas que se julgam incapazes de saírem da situação em que se encontram.

Muitos se acovardam diante de uma entrega total e preferem viver de aparências, como eu vivi, pois ninguém imaginava a realidade da minha família.

Vou descrever resumidamente a minha história antes do meu encontro com o meu Deus e Senhor.

Muitas pessoas, que desconhecem o poder Divino, acham que só busca a Deus quem é de uma classe social desprovida de amor, de educação, de família, ou seja, pessoas que moram em favela, que passam fome ou até mesmo os famosos "ex": ex-traficante, ex-prostituta, ex-bandido etc. Este pensamento é um tremendo engodo do diabo.

Quando me lembro da minha infância, me vêm à memória momentos de uma família perfeita, meus pais sentados à mesa dialogando, em meio a conversas, gestos de carinho para comigo, sua única filha, criada com tudo de bom. Mas essa imagem logo é interrompida por lembranças que contrariam toda essa serenidade.

Por esse motivo, começa o trajeto dos meus pais por uma busca incessante por Deus, batemos em várias portas.

Aos meus treze anos, cheguei ao Cenáculo do Espírito Santo. Não para ter um encontro com Deus, mas, por ser uma boa filha, eu acompanhava a mamãe, pois eu também pensava que as pessoas que buscavam a Deus, como eu disse anteriormente, eram menos favorecidas do que minha família.

Com o passar do tempo, deixei de acompanhar minha mãe e herdei toda maldição que até ali estava sobre o papai. Fui adoecendo e perdendo minhas forças para viver. Rodeada de livros, de cultura, muitas informações e pouca vida.

Acabei achando que eu era um "caso perdido", que Deus não queria saber de mim, tamanha a aflição que sentia. Então, em meio a tratamentos médicos sem sucesso, porque os problemas se agravavam, me cansei de tudo.

Eu era uma jovem com o rosto cheio de feridas que minavam água, desmaios constantes, dores pelo corpo, eram tantas coisas que não tem condições de escrever tudo.

Neste período, fui algumas vezes à Igreja com a mamãe, mas o pastor falava e eu não entendia o que ele dizia. Era como se as palavras não chegassem aos meus ouvidos, era como mímica, e quando eu ouvia, para mim, eram outras coisas que ele dizia, não havia coerência em suas palavras. Lógico, abandonei tudo e fui embora decidida a nunca mais voltar.

Isso tudo fez de mim uma pessoa horrenda, maldosa, cheia de ódio da vida e dos meus pais.

Eu me perguntava: por que eu vim a este mundo, para viver desta forma? Que propósito tem eu existir, Deus existir, para quê?

Esta frase alimentava o ódio vivo dentro de mim, como um fôlego, o ódio me dava forças para suportar. Fui me transformando aos poucos, sem perceber, quando notei aquele gigante, que alimentei durante esse período, estava me devorando e fazendo um tremendo estrago.

Sabendo que nada mais me restava, a não ser viver a caricatura de uma vida, muito revoltada com Deus e posso dizer que parcialmente em trevas, fiz a maior das loucuras: entreguei a minha alma ao diabo. Foi horrível!

Estava prostrada e ao me levantar algo diferente passou a viver dentro de mim, outro ser. Eu tinha a companhia constante dos demônios, me distanciei de todos que me amavam, dialogava e caminhava com o diabo, fiquei propensa a fazer o mal.

No final, dentre tantas coisas, meu maior desejo era matar. Matar meus pais e ver o sangue deles derramado em sinal de poder, principalmente o da mamãe, para sentir o sangue dela, tocar ou até beber. Porque eu bebia meu próprio sangue para fortalecer o voto. Odiava minha mãe porque ela buscava a Deus por mim.

Eu era cobrada com surras, cortes nas pernas que sangravam, mas só eu sabia o que estava acontecendo, ninguém mais, porque não era visível. Foram tantos momentos de tormentos espirituais, humilhações, rosnados de ódio, ameaças etc. Era levada a um lugar escuro e com muito fogo, os gritos de terror eram ensurdecedores.

Eu não podia olhar, mas me lembro que eu desobedecia e acabava vendo muita coisa. Pessoas agonizavam, como podres encarceradas, o cheiro era horrível. Um ou dois demônios me levavam pelo braço em um largo e longo corredor. Adiante havia um trono enorme no corredor de tormento, onde ficava um demônio muito grande, com mais dois, um de cada lado, em sinal de poder, era a trindade do inferno.

Eram muitas lágrimas e gritos, os vultos passavam rapidamente por trás daquele trono e voltavam de onde tinham vindo, passavam por mim e zombavam, era muita escuridão, cheiros, trevas, muitas trevas.

Eu vivia em trevas.

Em seguida, a voz muito alta me ordenava: dobre seus joelhos, porque aqui é o seu lugar, você vai ficar aqui.

Não adiantava, eu não obedecia, voltava e sofria mais ainda.

Tentei suicídio com remédios e por enforcamento. O desejo de sangue começou a aumentar. Recordo-me que passei uma faca de cozinha muito grande na minha jugular, mas estava com o corte para fora. Não tinha mais controle, queria matar e quando ele queria morte, eu desejava morte.

Quando acontecia alguma coisa ruim perto de mim, com uma diabólica alegria, eu me aliviava.

E ele me dizia: Não tem mais volta, eu mando!

Ah, foram tantas, tantas coisas...
Voltar? Para onde?

Sim, voltar para o mesmo quarto e usar uma determinação sobrenatural. Naquele momento, aprendi o que é ser forte e verdadeiramente revoltada e eu dei um basta!
Naquela situação me levantei literalmente contra o inferno.

Como se fosse o ultimo fôlego de vida, humildemente, supliquei a Deus:

"Não quero nada! O Senhor me vê aqui nesta escuridão? Então, se também consegue me ouvir, quero morrer agora, não quero ser curada, não mereço nada, só quero morrer diante dos Seus olhos. Eu preciso só disso, morrer agora, com o Senhor me vendo, para me levar.”

Só foi esta a minha oração.

Naquela madrugada, Deus me visitou e me aceitou. Como uma miserável, andarilha doente, quebrada, sem conseguir me levantar, totalmente banhada em lágrimas de arrependimento, reconhecendo minha podridão e meus insultos contra Ele, ainda assim, Ele me amou tanto.

A paz encheu aquele quarto, o meu coração sossegou, sem perceber eu adormeci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário